Como fazer uma Mixagem de Áudio?

É na fase da Mixagem que juntamos os diversos canais existentes, de forma a obter a mistura desejada. Porem, contrário ao que muitos imaginam, mixar não é somente acertar volumes, mais sim fazer a maior parte do trabalho em nível de equalização, processamento dinâmico, efeitos e etc. Veremos agora as principais preocupações na hora de Mixar.
• Equilíbrio — Relação entre os Volumes dos diversos canais, utilizando-se essencialmente os Faders de volume;
• Equalização – Trabalhar o comportamento dos canais – ao nível da freqüência, utilizando-se essencialmente equalizadores;
• Imagem sonora — Colocação dos diversos canais na sua posição da imagem sonora, utilizando-se essencialmente as panorâmicas:
• Dinâmica — Comportamento dinâmico, utilizando-se essencialmente processadores dinâmicos (compressores, limitadores, etc,);
• Profundidade (ambiência) — Definição do tipo de espaço envolvente e respectiva profundidade no nível dos diversos canais, utilizando-se essencialmente unidades de reverb e de delay.
Além destas preocupações objetivas existe algo mais que tem de estar presente: a criatividade. Da mesma forma que a criatividade tem de existir na fase de composição, também deve existir do ponto de vista técnico. A busca de novas soluções técnicas para a resolução de problemas ou aperfeiçoamento do som deve ser um dos objetivos de quem faz a mistura. Porque não experimentar um compressor ligado como auxiliar, ou colocar um pitch-shifter no som da Caixa?
Equilibrar os Níveis (Volumes)
O objetivo principal da mistura é obter um bom equilíbrio entre os níveis dos diversos canais. Não se trata de colocar todos os canais com o mesmo volume, mas sim, equilibrar os diversos volumes de forma a obter o som desejado.
Como fazer?
Normalmente a maior parte dos profissionais opta por ir construindo a mistura, adicionando um canal de cada vez, pois tentar obter um bom equilíbrio com todos os canais ligados simultâneo é complicado. Dependendo do tipo de música ou da preferência de quem faz a mistura, o equilíbrio pode ser iniciado pelo baixo, bateria (bumbo/caixa) e voz principal. A ideia é começar com os elementos base, deixando para o fim os elementos secundários. Tendo em mente que podem existir dezenas de canais, é fundamental que a mistura continue focada no que importante.
Equalização (frequências)
Os equalizadores têm um papel fundamental durante a mistura, permitindo alterar o comportamento em freqüência dos diversos canais. Um equalizador, tanto pode ser usado para atenuar uma gama (faixa) de freqüências, como para amplificar (acentuar). Através da utilização de equalizadores é possível reforçar determinada característica do Som, adicionar algumas colorações interessantes, alterar ligeiramente o timbre, etc.
Como fazer?
O primeiro passo é tentar conseguir que o canal em questão tenha o melhor som possível. Embora, teoricamente, amplificar uma faixa de freqüências seja equivalente a atenuar as restantes, na prática muitos profissionais adotam o seguinte principio: “cortar para soar melhor, amplificar para soar diferente”. Este será o ponto de partida.
No entanto, o grande objetivo é conseguir a melhor mistura, e quando chega o momento de adicionar o canal aos restantes, muitas vezes é necessário efetuar algumas alterações na equalização, especialmente quando existem vários instrumentos tocando na mesma faixa de frequências. No final, os instrumentos escutados de forma isolada até podem ficar com um som pior, mas do ponto de vista da mistura, que é o nosso objetivo, tudo ficou melhor.
Imagem Sonora (panorama)
É a distribuição dos diversos sons pela imagem sonora, que nada mais é que colocar os alguns instrumentos mais pra esquerda outros mais pra direita e ainda outros ao centro da mix, distribuição essa que pode ser feita de dois principais pontos de vista:
• Como se o técnico de mixagem fizesse parte da banda, de frente para o Publico.
• Como se técnico estivesse na platéia (muito usado em DVDs ao vivo)
Como fazer?
Na maior parte dos casos utiliza-se o centro para colocar os elementos principais: baixo, voz principal, bumbo e Normalmente a caixa. Todos os outros canais são distribuídos por outras posições que não o Centro, evitando-se igualmente os extremos (esquerdo e direito). Muitas vezes, basta uma pequena alteração na panorâmica, para fazer sobressair um determinado instrumento ou fazê-lo adaptar-se melhor ao resto da mistura.
Dinâmica (compressão)
A grande parte das músicas atuais caracteriza-se pela elevada compressão, e provavelmente, é no domínio do processamento dinâmico que se nota a maior diferença entre amadores e profissionais.
Os compressores de áudio (os mais comuns equipamentos para processamento dinâmico) podem serem utilizados com dois eventuais objetivos:
- atuar sobre a faixa dinâmica.
- atuar como efeito.
Para o primeiro e mais usado caso, os compressores são usados para diminuir a faixa dinâmica dos instrumentos, por exemplo: o vocalista poderá não cantar todas as notas com a mesma intensidade; poderá existir alguma variação na intensidade com que o baterista bate na caixa ou o baixo pode ter alguma diferença na intensidade das diversas notas.
Como fazer?
No caso da Voz, que é o instrumento com maior variação de dinâmica e ao mesmo tempo o que deve ficar audível o tempo todo em uma mixagem, é comum comprimirmos na gravação e na mixagem, usando uma compressão leve. Uma aplicação típica envolve ratio de 1,5 a 2:1, com o threshold bem baixo. Assim consegue-se um desempenho mais consistente.
Durante a Mixagem, os compressores podem ser usados de forma sucessiva: num único canal; num conjunto de canais; usados novamente na mistura final. Determinado som pode acabar por passar pelo compressor várias vezes.
Profundidade (espaço)
Por fim, outro elemento importante da mistura é a percepção de profundidade. Da mesma forma que as panorâmicas nos permitem alterar a posição: esquerdo-direito, a utilização de processadores de efeitos, principalmente Reverbs, nos permite alterar a percepção de profundidade e distância, colocando o som mais perto ou mais afastado do ouvinte.
Não se trata de uma questão de volume. Mesmo com níveis sonoros idênticos, um determinado som pode soar com maior ou menor distância do ouvinte.
Como fazer?
Associada à profundidade, existe o conceito de espaço. O tipo de reverberação utilizada deve ser coerente com a música em questão. Não faz sentido utilizar uma reverberação do tipo igreja ou arena, numa música intimista. Não é só uma questão de tempo de reverberação, um Reverb do tipo “Room” e um do tipo “Hall “ podem ter os mesmos tempos de reverberação, e mesmo assim, o primeiro continua a soar como um espaço pequeno e o segundo como um espaço maior.
Por isso é importante manter certa coerência ao nível da profundidade e do espaço. Imagine ouvir uma bateria em que todos os sons parecem estar a 10 metros de distância, e apenas a Caixa parece que está a 10 cm da sua cabeça.